» » Acusado de mandar matar juíza no Rio diz que não tinha problema pessoal com ela

O tenente-coronel Cláudio Oliveira, ex-comandante do 7º BPM (São Gonçalo) e acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patricia Acioli, morta no dia 11 de agosto, afirmou à Justiça que não tinha nenhum tipo de problema pessoal com ela nem conhecimento sobre o planejamento do crime. O policial militar prestou depoimento nesta sexta-feira (18) no quinto dia da audiência de julgamento e instrução na 3ª Vara Criminal de Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro.



Na versão do acusado, ele teria encontrado a magistrada duas vezes (em supostos casos de auto de resistência, isto é, quando um indivíduo morre em confronto). Segundo Oliveira, o plano para assassinar Patricia Acioli partiu exclusivamente de seus subordinados no GAT (Grupamento de Ações Táticas). Ele afirmou ainda que teria tomado providências se soubesse das intenções dos demais PMs acusados.
O ex-comandante do 7º BPM também negou as informações apuradas pela polícia de que ele teria contato além da rotina profissional com o tenente Daniel Benitez, apontado como o seu principal subordinado e acusado de ser o responsável por articular o planejamento do crime. Oliveira disse ao juiz da 3ª Vara Criminal de Niterói, Peterson Barroso Simões, que o tenente Benítez era "só mais um oficial do batalhão".
Os outros PMs acusados de participação direta no assassinato de Patrícia Acioli - isto é, os que efetuaram os 21 tiros contra a vítima - são os cabos Jefferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Junior. Os dois optaram pela delação premiada (informações em troca de uma possível redução da pena), o que fez com que a polícia chegasse ao suposto mandante.
No restante do depoimento, Cláudio Oliveira argumentou ter colaborado com as investigações da Divisão de Homicídios (DH) desde que as investigações indicaram a participação de agentes do 7º BPM e explicou ao juiz o episódio da confusão envolvendo ele e a magistrada no duelo entre as seleções do Brasil e do Chile, no Maracanã, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo da Itália, em 1989.
Na versão do acusado, Patricia Acioli estava no meio de um grupo de torcedores que provocara uma briga nas arquibancadas do estádio. Todos teriam sido conduzidos por ele para a delegacia - segundo o inquérito da Divisão de Homicídios, houve uma calorosa discussão entre as partes, o que 22 anos mais tarde daria margem a um ímpeto de vingança. Na ocasião, a magistrada moveu um processo contra Cláudio Oliveira por abuso de autoridade.
A audiência de instrução e julgamento desta sexta-feira (18) é a quinta de uma série de seis audiências sobre a morte da magistrada que foram agendadas para esse mês. Segundo o juiz Peterson Barroso Simões, como várias testemunhas não compareceram às sessões anteriores, os trabalhos devem se estender.
A Justiça intimou 144 testemunhas, sendo 14 de acusação e 130 de defesa. Finalizados os trabalhos processuais, o magistrado terá até dez dias para definir se o caso continua no Tribunal do Júri ou segue para juiz singular.

Os acusados

O inquérito da Divisão de Homicídios concluiu que Cláudio Oliveira - que estava recentemente à frente do 22º BPM (Maré) - deu a ordem para que três subordinados (o tenente Daniel Benitez Lopez e os cabos Jefferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Junior) da época de 7º batalhão assassinassem a magistrada. A Polícia Civil e o Ministério Público denunciaram ainda outros sete PMs que supostamente participaram do planejamento do crime.
Além dos três executores e do suposto mandante, são réus no processo os policiais militares Charles de Azevedo Tavares, Jovanis Falcão Júnior, Alex Ribeiro Pereira, Sammy dos Santos Quintanilha, Carlos Adílio Maciel Santos, Julio Cesar de Medeiros e Handerson Lents Henriques da Silva.
Todas as etapas do crime foram detalhadas passo a passo por um dos cabos envolvidos na morte da magistrada, o PM Sérgio Costa Junior -o primeiro a fazer uso do direito à delação premiada.
Já o cabo Jefferson de Araújo Miranda, além de revelar novos detalhes sobre o caso, ratificou a informação de que a morte de Patricia Acioli foi ordenada pelo tenente-coronel que comandava o 7º BPM. Todos os PMs envolvidos integravam o Grupamento de Ações Táticas (GAT), e a maioria já estava presa.
O último PM detido foi Handerson Lents Henriques da Silva, que é acusado de fornecer informações fundamentais para o planejamento da ação criminosa, tais como a localização da casa da magistrada e os respectivos pontos de acesso, de acordo com a DH. Segundo o delegado Felipe Ettore, o policial lotado no 12º BPM (Niterói) esteve no local do crime cerca de um mês antes da morte da juíza.

Suposto mandante

Cláudio Oliveira foi detido e exonerado do cargo que ocupava atualmente -o comando do 22º BPM (Maré)- depois que o cabo Sérgio Costa Junior o acusou de ser o mandante do assassinato da juíza, que era titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e estava investigando crimes cometidos por ele. O policial nega ter participado da ação.
Oliveira foi preso, indiciado pela Polícia Civil e transferido para Bangu 8, no complexo penitenciário de Gericinó, na zona oeste do Rio.
Atualmente, ele está em uma cela do presídio Bangu 1. A defesa do ex-comandante do 7º BPM informou nesta quarta-feira (9) que vai entrar com um pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O pedido feito ao Tribunal de Justiça do Rio foi negado ontem (8).
A Justiça expediu ordens de prisão contra outros dez PMs acusados de participação na morte da magistrada, dos quais seis também são acusados pelo assassinato de Diego Beliene, 18. O jovem foi morto em junho do ano passado no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, município da região metropolitana do Estado, em um caso de falso auto de resistência (quando um suspeito morre em confronto).
O assassinato de Diego Beliene, que ocorreu em junho de 2010, era investigado pela juíza Patricia Acioli. Algumas horas antes de ser assassinada, ela expediu três mandados de prisão contra o tenente Daniel Benitez Lopez e os cabos Jefferson de Araújo Miranda e Sérgio Costa Junior.

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