“Nunca escondi nem do povo do meu distrito (Itupeva) nem do povo de Medeiros Neto, o fato de eu gostar de fumar maconha, o cigarro do capeta, a erva do diabo”.
Em matéria veiculada no jornal A Tarde, de Salvador, o delegado da Polícia Civil de Medeiros Neto, Kleber Eduardo Gonçalves, disse que iria investigar se o vereador Cristiano Alves da Silva (PMN), do município de Medeiros Neto, mais conhecido como Pintão, fez apologia à droga.
O vereador, que foi presidente da Casa no biênio 2009-2010 e é 1º secretário da União dos Vereadores da Bahia, criou uma polêmica sem precedente ao dizer, recentemente, em plena sessão ordinária da Câmara Municipal, que é usuário de maconha. “Dizer que é usuário não tem problema, pois não é crime. Agora, temos de ver como foi que ele falou para averiguar se foi feita apologia à droga”, explicou o delegado.
Nessa mesma sessão o vereador, irritado com um comentário, à boca pequena, que o diretor do jornal Cidade, de Teixeira de Freitas, teria feito da sua declaração de que é usuário de maconha, partiu para cima do jornalista. Os presentes interferiram e não deixaram que o vereador chegasse perto dele. “Eu não pretendo ir armado para a sessão da Câmara porque não vou ganhar nada com isso. Ele não tem nada a perder porque é um desequilibrado”, disse João Araújo ao site de notícia Flecha News.
Dias depois, à reportagem de Impacto, após averiguar o que teria acontecido na sessão da Câmara, o delegado disse que, em princípio, não há nenhuma materialidade que leve ao entendimento de que o vereador fez apologia ao crime. “O vereador não incentivou o uso da maconha e nem disse que a droga é boa ou que deva ser usada por ninguém”, completou o delegado.
Em 10 de março de 2008, irritado com um colega vereador, o qual ele chamou de ladrão e jogador de baralho, Pintão, que já está no seu terceiro mandato, disse que gosta de fumar maconha. “Nunca escondo e nunca escondi nem do povo do meu distrito (Itupeva), que já me colocou aqui por dois mandatos, e nem do povo de Medeiros Neto, o fato de eu gostar de fumar maconha, o cigarro do capeta, a erva do diabo, da maneira que vocês quiserem chamar”.
Durante a sessão o vereador disse que só fuma maconha na casa dele, sem dá detalhes de como tem acesso à droga: se cultiva a planta dentro da casa, se compra na boca de fumo ou se a entrega é feita em domicílio.
“Tenho 37 anos e fumo há mais de 20. Estou aqui para defender que o usuário não é criminoso e que o Estado poderia estar ganhando ao legalizar a maconha, que é muito menos prejudicial que outras drogas, inclusive o cigarro. Ao ser usuário sei que meu dinheiro está indo para traficantes, mas queria que estivesse indo para o Estado, que poderia reverter a verba em investimentos sociais em diversas áreas e combateria o tráfico”, argumentou o parlamentar em A Tarde.
O jornalista está processando o vereador.
Por Edelvânio Pinheiro
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