Teixeira de Freitas: Pacientes de outras cidades podem ficar sem atendimento médico

A Saúde regional pode viver um colapso nos próximos dias. Atualmente é comum ver cidadãos de vários municípios sendo encaminhados para Teixeira de Freitas, entretanto, estes pacientes correm o risco de ficar sem atendimento médico por conta da irresponsabilidade dos gestores de suas cidades.

 

Essa informação foi passada nessa quarta-feira (09), pelo secretário municipal da Saúde de Teixeira de Freitas, Geraldo Magela Ribeiro, durante uma entrevista coletiva concedida aos principais veículos de comunicação regional.

 

Na entrevista, iniciada por volta das 15h em seu gabinete, Magela enfatizou que Teixeira de Freitas é um município que se destaca no interior do estado como o único que oferece o serviço de traumatologia, considerado de alta complexidade. Além disso, é um dos poucos no interior da Bahia, que realiza neurocirurgias, cirurgias cardíacas, tratamento em oncologia e UTI neonatal.

 

O avanço na qualidade dos serviços de saúde oferecidos a população infelizmente tem acarretado problemas ao município. Até o último mês de novembro Teixeira de Freitas apresentava um saldo negativo de aproximadamente duas mil AIHs (Autorização para Internamento Hospitalar), que foram executadas além do que o município podia, o que representa um buraco de 2 milhões de reais no orçamento local.

 

Para complicar ainda mais a situação, os municípios visinhos ainda devem a Teixeira de Freitas 1,5 milhão de reais relacionados a serviços de saúde. “Um rombo de 3,5 milhões de reais por uma coisa que não é nossa, isso é justo?”, questiona o secretário.

 

Geraldo Magela convocou a imprensa para alertar os cerca de 400.000 moradores das cidades que estão na região de Teixeira, pois a partir da semana que vem o município pode ficar impedido de atender aos pacientes de outras cidades. “Não é questão de perseguição a esse ou àquele município, eu estou sendo pressionado pelo Conselho Municipal de Saúde e já fui orientado por técnicos da SESAB (Secretaria Estadual da Saúde) a fechar as portas”, explica. 

 

Quando a equipe do Portal Sulbahianews chegou ao gabinete do secretário, ele estava terminando de redigir um oficio, onde explicava a situação da região ao titular da Saúde no estado, Dr. Jorge Solla, “tal situação ultrapassa nossa responsabilidade”, diz um trecho da correspondência.

 

O secretário reclama que algumas cidades estão fechando seus hospitais nos finais de semana e feriados, e até durante a noite. Quando não encontram o atendimento médico, os doentes dessas localidades acabam buscando socorro em Teixeira de Freitas, “nós vamos trancar a porta e vamos responsabilizar o Governo do Estado se essa situação não for resolvida, o nosso município aguentou o quanto pôde, agora não dá mais”, desabafa Magela.

 

Os secretários municipais de saúde da região estarão reunidos nesta sexta-feira (11) com o secretário estadual da Saúde em Salvador, para assinatura da Programação Pactuada Integrada (PPI). O Encontro vai acontecer no hotel Fiesta, no Bairro Itaigara, e vai decidir o futuro dos cerca de 400 mil moradores dos municípios da microrregião de Teixeira de Freitas.   

 

Caso não obtenha uma solução rápida por parte da SESAB, o secretário Magela já antecipou que vai fazer um relatório, ilustrado com os números, e encaminhá-lo para a Câmara Municipal de Teixeira de Freitas e para o Ministério Público, explicando o porquê de não mais poder continuar atendendo aos pacientes de outras cidades.

 

Se isso acontecer, pacientes de municípios como Alcobaça, Caravelas, Prado, Vereda, Itamaraju, entre outros, serão rechaçados pelo hospital municipal. “nós só vamos atender os casos de urgência e emergência, casos de pequenas fraturas, partos e curetagens não serão mais atendidos”, disse, antecipando que um novo sistema de identificação do paciente será implantado para impedir que pessoas vindas de fora se passem por cidadãos teixeirenses.

 

Atualmente todos os municípios pertencentes á região da 9ª DIRES tem comprado os serviços de saúde de Teixeira de Freitas, entretanto não adquirem a quantidade que seria suficiente para suprir a própria necessidade do município. Em 2009, até o último mês de novembro, foram compradas pelos municípios 2,72 mil AIHs, no entanto foram executadas 3,96 mil, o que gerou um déficit de 1.244 AIHs.

 

Apenas três municípios estão com saldo em AIHs junto a secretaria municipal de saúde de Teixeira de Freitas. Outros municípios já estão com suas cotas estouradas até 2013. O visinho município de Itamaraju aumentou o seu número de AIHs em Teixeira de Freitas de 300 em 2009 para 342 em 2010, mas já está devendo 192 autorizações para internações hospitalares. Medeiros Neto, diminuiu em 16 o número de AIHs para 2010, e tem uma dívida de 341 autorizações referentes a 2009. Mucuri tem um saldo negativo de 124 e ainda tirou mais 92 AIHs do PPI de 2010. Prado já tinha um buraco de 148 AIHs e tirou mais duas do PPI de 2010. 

 

O Secretário Magela se mostrou preocupado com a situação no ano que vem, pois a maioria dos municípios já manifestaram, em grande parte, o desejo de diminuir o volume de AIHs contratadas junto a Teixeira de Freitas, o que deve ampliar o déficit. Ele ainda acredita que esse saldo negativo é três vezes maior, porque muita gente tem vindo de outros municípios e se apresentado como morador de Teixeira de Freitas. Algumas pessoas de outros municípios estão inclusive sendo orientadas a se mudarem para Teixeira só por conta de atendimentos na área de oncologia.

 

“Atualmente 70% dos pacientes que são tratados no setor de neurologia são de outros municípios; 68% dos pacientes da UTI Neonatal são de fora; 53% dos pacientes da UTI adulto são de fora; agora eu pergunto, Teixeira recebe por esses serviços?”, questiona Magela, e continua, “a população regional precisa estar ciente do que está acontecendo, nós vamos passar o facão”, disse, se referindo ao corte na realização dos serviços, e acrescentou, “nós não estamos negando o serviço, mas precisamos que o dinheiro para pagar esses procedimentos também venha”.

 

Teixeira de Freitas tem recebido pacientes de vários municípios da Bahia e até de outros estados. É comum se deparar com pessoas vindas de Porto Seguro, Eunápolis, Jequié e até Itabuna, nos corredores do Hospital Municipal.

 

A equipe do Portal de Notícias Sulbahianews entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual da Saúde e recebeu uma resposta assinada pelo secretário Jorge Solla. Em nota o secretário afirma que todos estão empenhados em garantir mais recursos para o funcionamento da área da Saúde no estado e também para a aprovação da emenda 29, que vai garantir um aporte maior de recursos ao setor.

 

“O nosso compromisso é garantir o funcionamento dos serviços, com qualidade e sem prejuízos para a população. Nós e o governador Jaques Wagner estamos convictos de que nossa meta será alcançada, resgatando a Saúde em nosso Estado e promovendo a revolução que hoje está em curso”, diz.

 

Ainda de acordo com a nota, os números comprovam que os investimentos em Saúde, neste governo, estão elevando a oferta e a qualidade dos serviços. “Esse é um processo irreversível e não faltará esforço do governo Wagner para acelerar estas conquistas em favor do povo baiano", conclui.