Justiça manda prender 6 vereadores corrúptos de Mucuri

Eles estão sendo conduzidos para a sede da Denarc em Teixeira de Freitas numa operação que envolve policiais da 8ª Coorpin, Caema, Polícia Militar e Gaeco.
Até o momento foram presos o presidente da Câmara Carlos Gonçalves de Souza, o Tazinho, do PSDB, de 55 anos e Gisele Gazzinelli / PTB. Mais detalhes a qualquer momento.
Veja matéria correlata publicada na edição impressa do Jornal Alerta desta quarta-feira (21).

Gisele Gazzinelli, vereadora da Câmara de Mucuri

Presidente da Câmara de Mucuri é denunciado por chefiar extorsão

Mucuri – A Câmara Municipal de Vereadores de Mucuri pode estar envolvida em um verdadeiro mar de corrupção. A denúncia, que acaba de ser protocolada pelo vereador Manoel Negino no Ministério Público, pode resultar na cassação dos nove vereadores que compõem o Poder Legislativo local.
Segundo o teor da denúncia, os vereadores de Mucuri teriam agido em conjunto para extorquir um empresário do ramo imobiliário local, que precisaria de urgência em um projeto que altera o limite urbano do município, o qual, registrado com o número 011/2011, atingiria uma área que fica próxima aos distritos de Itabatã e 31 de Março, ambos no território do município, mas fora do perímetro urbano. Quando o principal problema seria o loteamento Cidade Alta, que fica às margens da BR-101, lado direito, sentido Espírito Santo / Posto da Mata, localizado numa área que não é urbana, segundo os limites das leis municipais, no entanto, já foi lançado, inclusive, com lotes à venda.
É aí que entra o presidente da Câmara Municipal de Vereadores, Carlos Gonçalves de Souza, o “Tazinho”, que, como se refere o denunciante numa pressa desmedida, entra, literalmente, no campo da corrupção, fazendo ofertas em troca de votos, com a pretensa urgência, oferecendo por voto aos vereadores, segundo gravação apresentada pelo vereador Manoel Negino, R$ 25.000,00 ou um lote mais cinco mil reais em dinheiro.

 Vereador Nicó (sentado) ouvindo seu advogado foi o terceiro a chegar preso numa viatura da CAEMA
Segundo a referida gravação, teria acontecido uma reunião entre “Tazinho” e demais vereadores no dia 31 de outubro deste ano, nela o vereador “Tazinho” aparece na gravação dizendo: “Essa é a proposta dele (se referindo ao proprietário do loteamento), eu ‘pelejei’ para antecipar para dezembro, pro Natal, ele disse que não tem jeito, é questão de recurso, aí ele voltou com outra proposta, que é essa que eu tô trazendo pra vocês. Cinco mil na semana que vem, cinco com 30 dias, e 10 mil com 90 dias, fica aberto quem quiser o lote”.

 Vereadora Gisele sentada ao lado do seu advogado foi a segunda a ser presa na cidade de Mucuri e trazida para Teixeira de Freitas

“Manoel eu conheço o cara, eu assumo a responsabilidade se vocês permitirem, eu pego o cheque aí seria de 30 dias e 45 mil, faz na presença de vocês, cuido com essa p…..,” disse Washington (um dos assessores da Câmara de Mucuri), falando sobre o problema de Moisés (se referindo ao ex-vice prefeito), “lá em Itabatã ouviram tudo quanto é lado, então é?”, e prossegue falando com os demais vereadores.
Em seguida, o vereador Manoel Negino diz: “Mas o problema… a minha opinião… a minha proposta é o lote, sabe por que eu acho muito complicado, viu?! o Roberto você vai aprovar um negócio “garrado” no cheque de uma cara desse?!”. E prossegue justificando sua proposta, no final ele faz alusão dizendo: “Tem uma pessoa aí que é muito perigosa, a vereadora ‘Tina’”.
Todos os demais vereadores participam da conversa, todos comentando sobre o que achavam da proposta, e como fariam para receber o dinheiro, e a forma como receberiam, ou se pegariam lote no negócio. Não dar para disponibilizar todos os diálogos no texto, porque a reunião foi longa, mas em breve o vereador autor da denuncia Manoel Negino, se comprometeu a disponibilizar uma cópia do referido áudio.
Ao falar sobre a referida denúncia com nossa reportagem, o vereador Manoel Negino disse saber do risco que corre, e também afirmou estar disposto a correr este risco, nem que para isso tenha que pagar com o próprio mandato.

 Vereador Tazinho (de branco) ao lado do seu advogado antes de ser ouvido em Teixeira de Freitas

Já o vereador “Tazinho” preferiu não comentar o assunto com a imprensa, disse apenas, usando a palavra como presidente da casa, que o vereador Manoel Negino teria feito o correto, e que aguardaria ser chamado pela justiça para se defender.
Ainda aproveitou para fazer um trocadilho com uma historia bíblica, que narra que Jesus Cristo tinha 12 discípulos, os 12 comeram com ele à mesa, mas um acabou sendo o Judas que traiu Jesus, tirando sussurros dos presentes, que acharam que o presidente chamou o vereador Manoel Negino de traidor.
Além de protocolar a denúncia, o vereador Manoel Negino entregou junto com a documentação cinco mil reais, que ele teria recebido, e uma cópia da gravação da conversa, que foi feita por ele, e, além de sua assinatura, a denúncia levou também a assinatura da vereadora Justina Souza Cruz, a “Tina”, e o protocolo fora feito na manhã de segunda-feira (19). Por Jotta Mendes.