» » Promotores denunciam PMs que mataram Gilberto Arueira em Teixeira de Freitas

Os promotores públicos Gilberto Ribeiro de Campos, titular da 1ª Promotoria de Justiça Criminal, e Graziella Junqueira Pereira, titular da 3ª Promotoria de Justiça Criminal da comarca de Teixeira de Freitas, acabam de se pronunciar no Processo 0002093-46/2011, que tem como vítima o empresário Gilberto Arueira de Azevedo, de 40 anos na época, que foi executado pelos policiais militares Santo Aparecido Andrade Moreira, 34 anos, Aurélio Sampaio Costa, 35 anos, e Wanderson Ferreira da Silva, 33 anos, integrantes da Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica – CAEMA, que na tarde de 24 de setembro de 2010, no interior da loja celular & Cia, atiraram e mataram o empresário ao confundi-lo com o assaltante “Thour”.  

O delegado-chefe da 8ª  Coordenadoria Regional da Polícia Civil em Teixeira de Freitas, que presidiu o inquérito policial que apurou o caso Gilberto Arueira, delegado Marcus Vinicius, concluiu o procedimento no final da tarde de quinta-feira, do dia 31 de março de 2011, e o remeteu à justiça. Na época o delegado Marcus Vinicius indiciou quatro policiais militares, sendo os três da CAEMA, Santo Aparecido Andrade Moreira, Aurélio Sampaio Costa e Wanderson Ferreira da Silva, que no dia do crime estavam à paisana e participaram da execução de Gilberto Arueira, os quais foram indiciados por crime de homicídio qualificado em conformidade ao Artigo 121, Parágrafo II, Inciso IV, e também por crime de lesões corporais conforme o Artigo 129, do Código Penal Brasileiro, tendo em vista que um dos disparos atingiu a mão do mecânico Joabe Medina Lima, que também estava deitado ao chão, depois de ter sido rendido pelos policiais. 

O quarto policial indiciado pelo delegado, é Carlito Francisco do Santos, 34 anos, que no dia do crime estava também à paisana, mais estava no serviço reservado da 13º Batalhão da Policia Militar e teria contribuído para “plantar” a arma na cena do evento delitivo e foi indiciado por modificar a cena do crime. Segundo o delegado Marcus Vinicius, houve dois momentos na cena do crime, sendo o primeiro quando os três policiais da CAEMA executaram Gilberto Arueira, depois de lhe render e ordená-lo que deitasse ao chão. O segundo momento foi quando modificaram a cena do crime, com objetivo de provar que Gilberto Arueira era um bandido, contudo, desse último momento os três policiais da CAEMA não participaram, sendo indiciado apenas o policial Carlito, porque foi o único que foi reconhecido pelas testemunhas, embora houvesse a suspeita da participação de mais policiais na modificação da cena do crime. 

Denuncia do MP

Os promotores de justiça Gilberto Ribeiro de Campos, e Graziella Junqueira Pereira, denunciaram os três policiais da CAEMA, por crime de homicídio agravado, por terem matado o empresário sob domínio, à traição, mediante recurso que dificultou e tornou impossível a defesa da vítima. Os promotores não pediram a imediata prisão dos três policiais e os denunciou à justiça para que eles sejam de uma vez levados a júri popular e sejam julgados pela própria sociedade.

No entanto, o promotor de justiça Gilberto Campos, juntou proposta de suspensão de um dos acusados no processo, o também policial militar Carlito Francisco, apontado pela Polícia Civil como contribuinte na planta da arma no sentido de incriminar a vítima, mas o Ministério Público entende que o policial Carlito Francisco do Santos, 34 anos, não contribuiu para alterar a cena do crime por não haver provas que evidencia a realidade dos fatos apresentados.

O juiz criminal de Teixeira de Freitas disse no início da manhã desta quinta-feira (06/10), que já vai iniciar as instruções criminais do processo no próximo mês de novembro, objetivando levar os militares a julgamento popular no início de 2012. Informando ainda que a primeira audiência de instrução criminal ocorre na primeira semana de novembro, no entanto, ainda não decidiu se julgará o pedido do Ministério Público de suspensão no processo do policial Carlito Francisco do Santos, na mesma audiência com os três PMs da CAEMA, ou se fará a audiência dele em separado.

Os detalhes do crime 

O empresário Gilberto Arueira, foi executado por três agentes da CAEMA no dia 24 de setembro de 2010, no interior da loja “Celular & Cia”, na Avenida Presidente Getúlio Vargas nº 3.517, quando teria sido confundido com um assaltante. Com base nos resultados dos exames periciais da Polícia Técnica, Gilberto Arueira de Azevedo, 40 anos, foi atingido com 6 tiros pelas costas, quando estava deitado no piso, sendo que dois projéteis transfixaram e os outros quatro foram extraídos do cadáver, com conclusão que o empresário foi morto por execução sumária no chão, com três tiros de Pistola Ponto-40 no alto das costas, dois tiros no antebraço direito e um sexto tiro na região da axila direita. Um dos tiros disparados em Gilberto, o projétil teria exalado em direção à mão do mecânico Joab Medina de Lima, de 23 anos, que também se encontrava rendido pelos policiais, deitado ao chão, ao lado da vítima. 

O empresário teria sido confundido com o assaltante e homicida Raimundo de Abreu Alves, o “Thor”, 29 anos, este que foi preso pela equipe do delegado coordenador Marcus Vinicius, no último dia 20 de outubro, por ocasião que o seu parceiro, Rosivaldo Prates, o “Russo” ou “Galego”, 24 anos, morreu ao trocar tiros com policiais civis, um dia após terem assaltado a Casa Lotérica do Mercado Caravelas em Teixeira de Freitas e cometido um homicídio na cidade. 

Além de vários crimes de morte que a ele são imputados, “Thor”, cuja aparência física e características eram idênticas com as da vítima, confessou a autoria no assalto da loja Celular Mania, por ocasião que humilhou um cliente da loja, lhe agredindo com tapas no rosto e ainda lhe colocou ajoelhado preso num banheiro, cujo cliente, era um policial de elite de guerrilha da CAEMA – Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica.

No dia do assalto cometido por “Thor”, quem pagou pelas suas sucessões de crimes, foi o empresário de Medeiros Neto, Gilberto Arueira de Azevedo, que acabou morto com 6 tiros pelas costas por três policiais à paisana e integrantes da CAEMA, Aurélio Sampaio Costa, Santo Aparecido Andrade Moreira e Wanderson Ferreira da Silva, este último trata-se da vítima do assalto, ocorrido na tarde de sexta-feira do último dia 24 de setembro, no interior da Loja Celular Mania na Praça dos Leões em Teixeira de Freitas, que além de agredido e humilhado, foi trancado no banheiro pelo assaltante. 

Por ocasião da morte de Gilberto Arueira, uma arma foi encontrada ao seu lado, que simulou como se fosse dele e que tivesse reagido à ação dos agentes. O revólver preto, cabo branco, calibre 32, marca Taurus, com 6 cartuchos no tambor, 5 intactos e um deflagrado, foi também examinado pela Polícia Técnica e os exames constataram que a arma não possuía resquícios de pólvora de disparo recente. E os exames de pólvora combusta nas mãos da vítima, também deram negativo, provando que Gilberto Arueira não teria feito uso de arma de fogo no mínimo nas últimas 72 horas, antes da sua morte.

Ainda no decorrer das investigações, o delegado Marcus Vinicius mandou periciar uma série de fotografias que foram juntadas às peças do inquérito policial, que foram produzidas no dia do evento delitivo, pelo repórter Jotta Mendes, que estava no local a serviço do bissemanal Jornal Alerta de Teixeira de Freitas, cujas fotos causaram uma reviravolta no caso e levantam a suspeita que policiais militares fardados e à paisana teriam mexido na cena do crime antes da Polícia Técnica chegar ao local, revirando o cadáver e plantando uma arma ao lado do corpo para simular que a vítima estivesse trocado tiros com os agentes da CAEMA que ceifaram a sua vida. O delegado Marcus Vinicius, disse que as fotos tiveram uma importância muito grande no procedimento, quase decisivas durante o curso da investigação, uma vez que sem as fotos seria quase impossível provar que a arma surgiu depois da ocorrência do assassinato. 

Por Athylla Borborema 

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